Fique a saber tudo sobre os créditos de carbono e o mercado de carbono

créditos de carbono

Um dos instrumentos fulcrais para atingir a neutralidade carbónica do planeta até 2050 são os créditos de carbono. Agora vamos explicar-lhe como eles funcionam e quais as vantagens deles

As alterações climáticas já não são uma possibilidade, mas uma certeza. Recordes de temperatura em terra e nos oceanos e fenómenos extremos (por exemplo, tornados, tufões ou ondas de calor) mostram que é preciso combater este fenómeno. Uma das soluções é reduzir os gases com efeito de estufa, algo para que são essenciais os créditos de carbono. 

Estes créditos de carbono são um incentivo para os países e as empresas se tornarem mais sustentáveis. E, para isso, devem encontrar alternativas ou compensar as emissões de CO2 e outros gases poluentes. Quer saber como tudo funciona? Saiba mais aqui sobre os créditos de carbono.

O que são créditos de carbono?

Como o nome indica, eles são um ativo das empresas ou dos países. Eles são medidos através da redução das emissões poluentes de dióxido de carbono ou outros gases com efeito de estufa. Os créditos de carbono são um ativo porque podem ser vendidos a quem não atinge as metas de redução de emissões. 

Cada tonelada de dióxido de carbono que não é emitida equivale a um crédito. Mas há outros créditos de carbono para gases como o metano (1 tonelada equivale a 21 créditos), o óxido nitroso (1ton = 310 créditos) ou os hidrofluorcarbonetos (entre 140 e 11700 créditos por cada tonelada evitada).

Imagine, por exemplo, duas empresas com uma meta de 100 toneladas de carbono emitidas. Se uma adotou medidas mais eficazes e chegou às 80 toneladas acumulou 20 créditos de carbono. E, nesse caso, ela pode ir ao mercado de carbono vender esses 20 créditos à outra empresa, que ainda está com 120 toneladas de carbono emitidas.

Quando foram criados?

Foi no famoso Protocolo de Kyoto, em 1997, que as Nações Unidas reconheceram os créditos de carbono como parte do mecanismo de flexibilização MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) para os vários países atingirem as metas de redução de emissões. Nessa visão o mercado de carbono funcionava com as RCE – Reduções Certificadas de Emissões.

Mas a origem dos créditos carbónicos é mais antiga. O primeiro mecanismo de troca de emissões nasceu nos Estados Unidos em 1977, como parte do Clean Air Act. Este protocolo foi sendo atualizado, mas é depois em Kyoto que ele ganha uma escala global.

Em crescimento contínuo, no final do último ano existiam 68 programas de preços de carbono planeados ou já implementados em todo o planeta. O mais conhecido e avançado é o EU-ETS (Emission Trading System), que foi criado em 2005 e vai de momento na sua quarta fase.

Como funciona o mercado de carbono atualmente?

Em primeiro lugar, é preciso saber que há limites de emissões a cumprir por cada empresa na Europa. E, ao analisar o total de emissões geradas anualmente, quem fica abaixo do limite gera créditos de carbono. Pelo contrário, quem está acima dos limites tem de pagar multas ou comprar créditos.

O mercado de carbono europeu funciona num sistema de leilões, em que as empresas com reduções certificadas de emissões podem vender os créditos de carbono a outras entidades. Este mercado tem por base o conceito do “poluidor-pagador”, que é obrigado a pagar para comprar créditos de carbono para compensar o excesso de poluição que emite.

Além disso, é preciso referir que este sistema está em constante evolução. Ou seja, as metas de redução de emissões para as empresas e sectores vão sendo atualizadas. Dessa forma as exigências ambientais das empresas vão crescendo, à medida que é implementada a redução linear anual de 2,2% do teto de emissões na quarta fase da EU-ETS.

Qual o preço dos créditos no mercado de carbono?

O preço do carbono na Europa aumentou mais de 200% entre 2020 e 2022, passando de 24.61€ por tonelada para 80.32€. No EU-ETS o preço do carbono em 2023 continua a estar em valores próximos dos 80€, mas espera-se que na segunda metade desta década ele continue a subir e atinga os 100€.

Como se podem obter créditos de carbono?

Existem várias formas principais de gerar créditos de carbono. As mais conhecidas são:

  • Substituir combustíveis fósseis por energias renováveis;
  • Aumentar a eficiência energética e reduzir os consumos de energia;
  • Apostar na reflorestação como mecanismo de captura de carbono.

No entanto, existem regras para garantir que os créditos de carbono são verdadeiros. Por exemplo, não são considerados créditos que venham da proteção de florestas que já são alvo de proteção. Por isso, há organizações como a União Europeia e a ONU que avaliam as ações empreendidas, para evitar que existam créditos falsos de carbono.

O mercado de carbono é justo?

Sim, porque ele parte do princípio do poluidor-pagador. Ou seja, as empresas que não querem ou não conseguem baixar as suas emissões têm de pagar ou comprar créditos de carbono para compensar essas emissões.

Além disso, os mecanismos de carbono incentivam as empresas a adotar energias mais sustentáveis. Quando superam as metas de redução de emissões elas podem vender os créditos gerados, criando uma fonte de receitas adicional. E, por isso, há benefícios monetários nessa aposta.

Os créditos de carbono são eficazes?

Sim, e basta olhar para os resultados do mercado europeu de carbono para comprovar isso. Ao longo das três primeiras fases do EU-ETS, entre 2005 e 2019, as empresas aderentes conseguiram uma redução de 35% nas emissões poluentes.  

Além disso, o número de empresas que se comprometeram a atingir a neutralidade carbónica também aumentou exponencialmente. E a adoção de fontes de energia limpas, formas de compensação de emissões e outros mecanismos que geram créditos também continua em expansão.

Por isso, compensar os esforços ambientais da empresa e garantir que eles são uma fonte de lucro para essas companhias é uma boa estratégia. Mas não é a única, já que a colocação de limites de emissões aos negócios também tem um importante papel na redução das emissões de carbono.

Os particulares podem contribuir para o mercado de carbono?

De forma direta não, mas é possível agir de forma indireta. Para isso os particulares podem escolher empresas que têm projetos de redução de emissões de carbono. 

Por exemplo, aderir aos carros elétricos ou instalar painéis solares. Além disso, podem adquirir produtos feitos de plásticos reciclados, escolher empresas que têm projetos de reflorestação e ainda apostar nas energias renováveis. 

Uma das soluções, por exemplo, é escolher um fornecedor de energia que apenas utiliza eletricidade gerada com fontes renováveis. Dessa forma, cada pessoa contribui para a descarbonização do mercado energético. 

E há várias empresas que já garantem esse fornecimento, como a EDP, a Endesa ou a Goldenergy. Se quer contribuir para a descarbonização do planeta sem aumentar as suas faturas, já sabe que só precisa de passar agora pelo simulador de preços de luz e gás. Simule, Compare e Poupe!

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