Covid-19: Quanto investiu cada país na economia?

Com as empresas encerradas e os trabalhadores obrigados a permanecer em casa, o impacto económico do Covid-19 está a ser bastante expressivo em todos os continentes. E, até pelo perigo de que venha a acontecer a maior recessão económica desde a Segunda Guerra Mundial, os países estão obrigados a despejar biliões de euros para estimular a atividade económica. Veja agora quais os investimentos na economia por causa do Covid-19 em alguns países europeus e outras potências mundiais…

O Covid-19 tem causado o pânico nos sistemas nacionais de saúde de todo o planeta. Mas, se esta é a preocupação mais imediata, os efeitos económicos desta pandemia vão sentir-se ao longo de um espaço de tempo muito superior, por consequência dos planos de contingência que foram ativados.

Para minimizar esses efeitos, estão a surgir diversos planos de estímulo às empresas e combate ao desemprego, a que foram alocados milhares de milhões de euros, nalguns caso chegando mesmo ao biliões. Veja agora quais os investimentos na economia por causa do Covid-19 que eram conhecidos até meio do mês de maio, segundo os dados compilados pelo FMI e as principais cadeias de informação nacionais e internacionais.

Apoios às famílias e injeção de capital surgem em destaque

Entre as principais medidas económicas verificam-se duas preocupações principais. Em primeiro lugar, garantir que os Estados, as empresas e os bancos sobrevivem, algo que se procura garantir com a injeção de capitais e compra de dívida. Além disso,destacam-se os apoios às famílias para fazer face aos despedimentos em massa e a medidas como os lay-offs.

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Por isso, nos investimentos na economia por causa do Covid-19 verifica-se que, além dos apoios diretos dos Estados, também há várias iniciativas promovidas pelos bancos centrais. Por exemplo, através do Bank of China (645 mil milhões de euros), do BCE (750 mil milhões de euros) e da Reserva Federal dos Estados Unidos. Aliás, esta entidade americana é a responsável pelo montante mais elevado já conhecido entre os investimentos na economia por causa do Covid-19, com 2 biliões de dólares para estímular a atividade económica.

Apoios à economia na Europa

A nível europeu apresentamos os estímulos das cinco maiores economias do continente. Mas também os cerca de 13 mil milhões de euros Portugal e valores de outros países com dimensão similar. É o caso, por exemplo, da Irlanda e da Grécia, com montantes equiparados. Além disso, estão ainda incluídos os pacotes de estímulos das entidades comunitárias, verificando-se que estas verbas já chegam aos biliões de euros.

Em detalhe, o valor desses investimentos na economia por causa do Covid-19 já ascende a 1,29 biliões de euros, que se dividem entre os apoios diretos garantidos após a reunião do Eurogrupo (540 mil milhões) e a compra de dívida a cargo do BCE (750 mil milhões). No caso dos 540.000 milhões, eles dividem-se entre 240 mil milhões de ajudas diretas aos Estados, 100 mil milhões para empréstimos e 200 mil milhões canalizados na economia pelo Banco Europeu de Investimentos.

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Os investimentos na economia dos principais países europeus

Entre os países, verifica-se que a Alemanha foi quem reservou mais verbas para este combate, num total idêntico ao do BCE. Depois, a Itália e o Reino Unido são quem mais investe, 400 mil milhões, um pouco acima dos 345 mil milhões em solo gaulês e o dobro dos 200 milhões indicados por Espanha.

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A combinação de todos os montantes europeus supera os 3 biliões de euros. No entanto, esperam-se mais medidas, especialmente a nível comunitário. Ainda esta semana o líder do governo espanhol, Pedro Sanchez, veio afirmar que será necessário aumentar os apoios definidos pelo Eurogrupo também para a casa dos biliões.

Apoios à economia na Ásia

Apresentamos também os dados indicados pelo FMI e alguns canais de notícias para três das maiores economias da região. E a maior surpresa é claramente a situação nos dois países mais populosos do mundo, a China e a Índia.

No caso do ‘Império do Meio’ porque, embora seja a segunda maior economia do planeta e o primeiro país afetado pelo Covid-19, os montantes ficam bastante aquém de outras nações. Afinal, embora seja quase um bilião de euros, a fatia de leão está a cargo do People Bank of China, com um total de 645 mil milhões de euros, enquanto as restantes medidas de estímulo se ficam pelos 337 mil milhões de euros. Já no caso indiano, de momento apenas são indicados no relatório do FMI perto de 35 mil milhões de euros.

Mas no Japão a situação é bastante diferente. Analisando as medidas a nível nacional, o ‘País do Sol Nascente’ tem o segundo maior pacote de ajudas do mundo, avaliado em 904 mil milhões de euros.

Apoios à economia na América

Neste continente centrámos a análise em duas nações. Falamos da maior economia do mundo, os Estados Unidos, e o maior país de língua oficial portuguesa, o Brasil. Curiosamente, dois dos países que mais estão a sofrer de momento com a crise do Covid.

No caso da nação liderada por Donald Trump, o investimento foi enorme, sendo mais do dobro dos apoios concedidos no resto do mundo. Ao todo são 3,9 biliões de euros, com metade deste valor (2 biliões) através da injeção de capital na economia e compra de dívida por parte da Reserva Federal. Adicionalmente, existem mais 1,9 biliões de euros para apoios, com os montantes divididos entre ajuda aos cidadãos (30%), às grandes empresas (25%), pequenos negócios (19%), Estado e Governos Federais (17%) e para as entidades de serviço público (9%). Para saber quais são as principais medidas, pode consultar este gráfico.

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No caso brasileiro foram contabilizados 45,3 mil milhões de dólares (41,6 mil milhões de euros), excluídos os valores de apoios do governo aos bancos e companhias de aviação, e outros montantes derivados do aumento do défice nas contas públicas. Dos montantes incorporados, os maiores referem-se aos 17500 milhões de dólares para ajudar os Estados, os 9,2 mil milhões para as populações mais vulneráveis, 8 mil milhões para ajudas a trabalhadores independentes e igual montante para as PME do país.

Os investimentos na economia por causa do Covid-19 são suficientes?

Embora já estejamos a falar de montantes na casa dos biliões de euros, a verdade é que provavelmente serão necessárias mais verbas. Basta dizer que nos Estados Unidos existem estimativas que apontam para a necessidade de perto de 8 biliões de euros, e que na Europa vários países fazem pressão para que o Eurogrupo triplique os 540 mil milhões de euros já garantidos.

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Um dos principais motivos para tal prende-se com os avisos de que poderemos estar perto da maior recessão global desde o final na Segunda Guerra Mundial. Nessa altura, como é conhecido dos livros de história, os Estados Unidos injetaram perto de 15 mil milhões de dólares nas economias da Europa Ocidental com o Plano Marshall, para as ajudar a recuperar do conflito. Valores bem menos expressivos que atualmente, pois segundo estimativas encontradas em alguns sites, esse montante seria o equivalente a 130 mil milhões de euros no final de 2019.

Haverá mais investimentos na economia por causa do Covid-19?

Provavelmente sim, serão necessárias mais verbas, mas ainda é difícil fazer estimativas sobre os investimentos totais para relançar a economia. Em primeiro lugar, porque alguns países como o Brasil e os Estados Unidos ainda estão a começar a sentir com mais força os efeitos da pandemia. Em segundo lugar, porque sem uma vacina é possível que voltem a existir surtos que obriguem a reativar as medidas preventivas.

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Além disso, não existem ainda certezas sobre algumas questões. Como saber quais os efeitos no consumo (por exemplo, se haverá uma redução nas viagens aéreas e, consequentemente no Turismo, ou em locais e eventos com maiores concentrações de pessoas, como restaurantes, centros comerciais, festivais, etc). Basta verificar que o consumo interno na China sofreu fortes quebras nestes primeiros tempos após a pandemia no país.

Também não há garantias sobre qual será o ritmo de recuperação da atividade económica nas diferentes regiões. Mas uma coisa parece certa: os países vão ter de continuar a “despejar” camiões de dinheiro nas economias para garantir que elas sobrevivem (o melhor que consigam…) à pandemia de Covid-19 e se recuperam o mais rápido possível.