Onde os portugueses gastam o dinheiro durante a crise

O confinamento domiciliário, o isolamento e o encerramento de vários espaços durante a pandemia de Covid-19 estão a mudar a forma como os portugueses compram os seus produtos. Saiba agora onde os portugueses gastam o dinheiro durante a crise
Cafés e restaurantes fechados, centros comerciais encerrados e viagens canceladas. Hipermercados, talhos e mercearias com limites de utentes. Estes são alguns dos constrangimentos que estão a surgir devido à crise do Coronavirus e que, obviamente, vão ter impacto nos hábitos dos portugueses. Agora, através dos dados obtidos pela Revolut, e também nas análises da GFK, vai poder saber afinal onde os portugueses gastam o dinheiro durante a crise do Covid-19.
Como os portugueses fazem as compras durante a pandemia?
As restrições acima referidas, e o efeito psicológico associado ao risco de contágio, levaram os portugueses a mudar os seus hábitos. Basta dizer que entre 10 de fevereiro e 15 de março era enorme o peso das compras em lojas físicas, representado mais de 9 em cada 10 transações. Mas, segundo os dados mais recentes, de 23 a 29 de março esta divisão já era mais equatitária, com o e-commerce a representar 1/3 de todas as operações.
Compras em loja | Compras online | |
10/02 a 15/03 | 92% | 8% |
23/03 a 20/03 | 67% | 33% |
Estes dados são corroborados, por exemplo, pelas idas dos portugueses aos supermercados. Os dados da especialista em cartões de crédito Revolut mostram que, em comparação com fevereiro, registou-se em março uma redução das idas aos supermercados em cerca de 30%. O que, no entanto, não significou menos gastos.
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Possivelmente impulsionados pela necessidade de encher a despensa de bens essenciais (até porque o pico de consumo, com mais 44% de compras, se registou na semana antes da declaração do Estado de Emergência, entre 10 e 18 de março), os montantes gastos pelos portugueses nos supermercados aumentaram 35%.

Produtos financeiros digitais também crescem
Verifica-se, portanto, um enorme aumento das compras efetuadas pelos canais digitais e no volume de compras nos supermercados. Mas, como explica a fintech Revolut, esta não é a única mudança. Os portugueses estão também a diversificar os seus investimentos, aumentando a procura por produtos financeiros como as Criptomoedas e o Trading de acções. Outro dado que demonstra a mudança de hábitos é o facto dos pagamentos por ATM e terminais com os cartões de crédito ter descido 12% na Revolut.
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Os produtos onde os portugueses gastam dinheiro durante a crise
Além dos supermercados, existem outras áreas de negócio que estão a receber um forte impulso durante a epidemia. E, ao verificar onde os portugueses gastam o dinheiro durante a crise, a Revolut demonstra que o entretenimento para casa recebeu, em alguns casos, aumentos superiores a 200%.
Por outro lado, áreas como a restauração, o entretenimento fora de casa (por exemplo, teatros, espetáculos e cinema) e o transporte de passageiros estão entre as mais prejudicadas.
Produtos | Alterações no consumo |
Gaming e Videojogos | +200% em algumas marcas |
– Steam | +241% |
– Playstation | + 136% |
– Nintendo | +73% |
Supermercados | + 35% |
Entretenimento | -26% |
Viagens | -49% |
Restauração | – 50% |
Transportes (dados sobre a Uber) | -48% |
Os dados relativos à restauração apresentados pela Revolut são, sem dúvida, uma das áreas mais interessantes de analisar. E o motivo é que eles demonstram não apenas onde os portugueses estão a gastar o dinheiro durante a crise, mas também como o estão a gastar.
Embora se verifique uma quebra para metade nas vendas, as entregas ao domicílio estão a ganhar peso nos clientes da Revolut. E se os dados da Uber Eats já são expressivos, o crescimento é ainda mais notório na Glovo, que tem um portefolio de produtos mais alargado.
Total de Entregas | € gastos nas entregas | |
Uber Eats | +22% | +30% |
Glovo | +27% | +51% |
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O que os portugueses estão a ver durante a crise
A necessidade de estar em confinamento tem impactado igualmente os hábitos dos portugueses relativos ao uso dos serviços TV NET VOZ. Além dos dados da GFK indicarem um aumento de 32% nas audiências televisivas, os utilizadores dos cartões Revolut aumentaram os seus gastos com a Apple (+15%), com a Google (+11%) e também nas subscrições da Netflix (+9%).
Estes dados estão em linha com o aumento na procura por determinados equipamentos. Segundo a GFK, o aumento da procura por computadores portáteis (associado ao incremento do teletrabalho) subiu 62%, verificando-se também uma tendência positiva nas impressoras multifunções e nas consolas de jogos. Curiosamente, também há mais portugueses a querer comprar máquinas de café…
Veja, por fim, quais os conteúdos e canais de TV que mais cresceram durante a crise.
Canais e conteúdos | Aumento das audiências |
Dados Gerais sobre a TV | +32% |
Conteúdos religiosos | +55,7% |
Conteúdos de notícias nacionais | +52,9% |
Filmes | +44,9% |
Canais desportivos | -82,6% |
SIC Notícias | +67,8% |
RTP 3 | +59,3% |
FOX Movies | +56,1% |
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A necessidade de estar a par da atualidade e de passar mais tempo em casa levaram a um aumento na visualização dos canais com esses conteúdos. Mas, no caso dos conteúdos religiosos, não quer obrigatoriamente dizer que os portugueses encontraram na fé a reposta à crise do Covid-19. Esta subida explica-se, também, pelo fim dos cultos presenciais, obrigando mais gente a assistir às missas pela televisão. Indiscutível é a quebra dos canais desportivos, já que eles dependem muito dos conteúdos em direto de diversas competições, todas elas suspensas por tempo indeterminado.